quarta-feira, 9 de abril de 2008
Amaya...
Então a imortalidade atrai-te?...Já deves ter reparado que a maioria das pessoas não quer ser imortal. Talveza desejem até, mas não a querem...Querem é "p... e vinho verde". Não leves a mal eu falar assim...Chegaste a ler, no meu site, o capítulo "Pogonóforos" do livro "IGNIUS"?...é sobre "possíveis espécies de imortalidade".Deverás ter entre trinta e trinta e cinco anos de idade... cronológica,claro. Mas até poderias ter 90, não seria isso que me desinteressaria em ti.Na continuação da peripécia: ...eu e o meu valente lobito estávamos sentados no sofá da pequenasala-atelier de casa dela mais preocupados em recompor as nossas energias doque em qq outra coisa. Foi aí que escutamos as vozes dela e do seu amigo. Asvozes vinham, parecia-me, de uma sala próxima onde havia um televisor.Falavam alto.Subitamente ela elevou mais a voz num tom zangado e quase ditatorial. Eu nãoconseguia acompanhar o que diziam porque os meus conhecimentos de basco(euskera) são limitados. Mas pareceu-me que nas palavras dela havia algosemelhante a "expulsão".Um momento depois senti passos e a porta bater.Apercebi-me que ele tinha ido embora e que eu e ela tínhamos ficado sós. Sem dúvida que eu sentia um desejo quase irresistível de ir ter com ela.Talvez nenhuma outra mulher tenha exercido em mim uma tão grande sedução. Porém dois motivos fizeram-me permanecer onde estava: uma estranha éticae um estranho pressentimento. Desde o primeiro momento que a vira,gradualmente se fora tornando cada vez mais nítido em mim o seu tipo denatureza... e eu, intimamente, sentia que ela era uma qualquer espécie devampira. Apesar de eu nunca ter encontrado uma vampira no mundo real, osúltimos acontecimentos indiciavam que algum encontro iria ocorrer nessedomínio. Eu de certo modo ansiava-o e há vários dias que, subliminarmente,criava um laço de ígnea sensualidade com essa estranha princesa bascaperdida no tempo. Amaya... lendária e secular, que me brindara com umaestranha montagem na encosta do monte Igueldo aquando da minha primeirachegada a Donostia (San Sebastian). Nessa noite, na terra da magia e doinsólito, eu sentira um poderoso, sensual e feroz chamamento vindo daencosta. Olhei e vi algo tão estranho como difícil de definir. Projectoresfaziam incidir uma luz branca e brilhante em algo grande que estava naencosta do monte Igueldo. Parecia ser simultaneamente um casulo luminoso,uma urna que parecia conter um corpo feminino, ou talvez um veado... No diaanterior um basco emprestara-me um livro sobre a lenda da princesa Amaya quese mantinha aparentemente adormecida desde o século VIII esperando peloregresso do libertador de Euskadi. Aquela visão insólita na encosta do montefez-me lembrar a lenda. Depois dessa ocorrência eu pressentira a proximidade de Amaya por outrasduas ocasiões. E, agora, talvez estivesse em casa dela. A vontade e o desejo de a amar eram incomensuráveis. Como só uma mulherque está para além dos vulgares humanos pode suscitar em mim. E ela estavaali, no quarto dela, do outro lado do corredor... Eu sentia que o nosso abraçar seria incandescente, inumano, voraz,avassalador. Que nos amaríamos, que nos trespassaríamos, que nosdevoraríamos com um fulgor jamais compreensível pelos trôpegos e simplesmortais. Que nos amaríamos como apenas os seres de elevada energia podem fazê-lo. Um fero e uma vampira envoltos num acto de amor! A explosão de umaSuper-Nova! O incendiar de tudo à nossa volta!... Sim... eu pré-vivi, eu pré-visualizei esses momentos que estariam para acontecer.Já é tarde minha querida Louize. Depois continuarei a contar-te o queaconteceu.Um beijo de sangue e fogo,E.C.
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